sábado, 22 de dezembro de 2007

LEMBRANÇAS

Perco-me por entre as lembranças

Que o trazem até mim

Deixo-me ficar jogado, triste

Neste imenso jardim


De terra verde, fresca

Cobre-se a paisagem à minha volta

Mas tanta vida ao meu redor

Não acalma a minha revolta.


Corro perdido

Por entre a densa vegetação

Tento como posso

Escapar à triste recordação


Parem o tempo!

Parem tudo, por favor!

Deixem-me enxergá-lo

Por entre essa negra cor


Esteja aprisionado no rubro tormento

Ou se passeando pela paz que o levou

Apenas peço que me deixem apertar

As mãos de quem tanto me ajudou.

SOZINHO

Encontro-me no escuro

Só comigo mesmo

Envolto em luto


Enxugo as lágrimas

Que me escorrem

E afogo a vontade de viver


Tento procurar

Ao meu redor

Onde me possa apoiar


Mas quem me apoia está a chorar…


Em que pensar neste momento

Triste

Coberto pela nuvem negra


Sinto-me só

Solitário

Pensando em tudo. Pensando em nada.

A PARTIDA

Psiu! O silêncio deixou escapar um sopro

Meus músculos prontamente se retesam

Pois consigo sentir perscrutar o meu corpo

Estas almas, abandonadas, que nos rodeiam


Medo? Será esse o sentido do calafrio

E da repentina vontade de mudar o pensamento?...

É então que oiço passos, sons, sim, ouvi-o!

O fantasma da morte trouxe à minha porta o desalento


«Está na hora da partida», anunciou.

Tão alto falou mas ninguém conseguiu escutar

Excepto tu. Percebeste que o outro a tua sorte ditou…

O silêncio. A sensação. O relógio começou a contar…

À VIDA

Não canto à morte

Prefiro cantar à vida.

Pode ser a vida perdida

Mas à vida enquanto fora vivida.


Não procuro saber onde estão

Todos os que tanto gostaria que cá estivessem.

Se me encontram, se me observam…

Será importante o que vocês sentem?… se sentem.


Não me julguem por ser como penso

Por pensar que faz falta quem ainda posso abraçar

Não me condenem por não visitar vossas campas

– Flores que embelezam, não trazem quem não pude à despedida beijar