sábado, 9 de janeiro de 2010

ASSALTO

I
Ele disse:
“Era escura a noite.
E, de armas em punho,
sem faca nem foice,
à ausência de testemunho,
do bosque abalamos
e as senhoras assaltamos”.


Respondi:
A vida é feita de momentos.
Segundos lentamente contados,
em que o certo e o errado são tormentos
para quem ataca e também para os assaltados.
E, quando o tempo contra vós corre,
pelo canhão da arma, há uma lágrima que escorre.


II
Ele disse:
“Era fria a noite.
Sorrisos jubilados pela vitória
cantavam enaltecendo a sorte.
Repartiam o espólio cantando em glória,
mas dentro de mim corroía
a lágrima do sangue que no chão escorria”.


Respondi:
Jamais recompensa alguma
é justa, quando em causa uma vida,
assaltada, a outro mundo ruma
e a homicida alma, arrependida,
chora e já tarde se mentaliza
que, nas brincadeiras, a morte vitimiza.


III
Ele disse:
“Frios são os pensamentos
quando o erro se agarra às recordações,
flagelando persistentes bons sentimentos,
insistindo em trazer-me negras visões.
A tortura tornou-se companheira minha
nesta cela onde a culpa é minha vizinha”.

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